225 Anos de prisão: Assassino confesso de mães e filhas em Sorriso é julgado e condenado

O juiz Panichella destacou que este caso motivou mudanças na legislação brasileira, aumentando as penas para feminicídio.

TJMT/Redação

Foto: Josi Dias/TJMT

O júri popular do pedreiro Gilberto Rodrigues dos Anjos terminou com sua condenação por quatro homicídios — três deles com qualificadoras de feminicídio — e estupros contra Cleci Calvi Cardoso, 45 anos, e suas filhas Miliane, 19; Manuela, 13; e Melissa, 10 anos. O crime ocorreu em novembro de 2023, e a sentença foi proferida na noite de quinta-feira, 7 de agosto de 2025, no Fórum de Sorriso.

Após um dia inteiro de julgamento, iniciado às 9h, os jurados consideraram Gilberto culpado por todas as acusações. O juiz Rafael Depra Panichella fixou a pena em 225 anos de prisão, em regime fechado. O réu acompanhou parte da sessão por videoconferência, direto da Penitenciária Central do Estado, em Cuiabá, onde está preso desde a época dos crimes. A defesa optou por não apresentar depoimento do acusado.

O processo tramitou em segredo de justiça, e o julgamento teve forte carga emocional. O pai e viúvo das vítimas, acompanhado do advogado Conrado Pavelski, chegou cedo ao fórum e destacou a importância de uma resposta judicial à altura da gravidade do caso, afirmando que as provas eram incontestáveis e que o próprio réu havia confessado.

Durante a sessão, familiares das vítimas, incluindo irmã e tio, relataram à corte como eram a mãe e as filhas: mulheres e meninas carinhosas, estudiosas e protetoras. O delegado Bruno França, responsável pelo inquérito, descreveu a investigação e afirmou que Gilberto não demonstrou arrependimento, contando os detalhes do crime com frieza “como se narrasse uma pescaria”. Segundo o delegado, a vítima mais nova foi assassinada para que seu choro não chamasse atenção de vizinhos.

O Ministério Público, representado pelo promotor Luiz Fernando Rossi Pipino, sustentou que o réu premeditou o crime, estudando a rotina da família e a casa para agir com “requintes de crueldade”. O promotor chamou Gilberto de “monstro de Sorriso” e apresentou provas, imagens e exames necroscópicos, afirmando que a mãe e as filhas lutaram por suas vidas, mas foram brutalmente assassinadas.

A defesa, conduzida pelo defensor público Ewerton Nóbrega, reconheceu a autoria e materialidade dos crimes, mas tentou afastar a acusação de estupro, sugerindo vilipêndio de cadáver — tese rebatida pelo assistente de acusação, que apresentou confissões gravadas do réu, onde relatou que durante os estupros as vítimas "se contorciam", comprovando que elas estavam vivas durante o ato.

Ao final, o juiz Panichella destacou que este caso motivou mudanças na legislação brasileira, aumentando penas para feminicídio, embora a nova lei não se aplicasse ao crime julgado. Com a condenação, Gilberto cumprirá a pena em regime fechado, sem direito a redução significativa, encerrando um dos julgamentos mais marcantes da história recente de Sorriso.

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