Polícia
Empresário é acusado de sumir com R$ 33 milhões em gado em MT
Juiz nega queixa-crime e aponta falta de provas de fraude; caso de dívida milionária segue na Justiça.
O juiz Valter Fabrício Simioni da Silva, da 10ª Vara
Criminal de Cuiabá, rejeitou a queixa-crime apresentada pela Finpec
Agronegócios — empresa paulista que se apresenta como uma “fintech da pecuária”
— contra o empresário Francisco Ferreira Camacho, ligado ao grupo LF PEC. A
organização cobrava um débito milionário e acusava Camacho de supostamente
esconder bovinos para evitar o pagamento de Cédulas de Produto Rural (CPRs).
De acordo com a Finpec, Camacho emitiu 14 CPRs que somam R$
286,6 milhões, equivalentes a 111.277 arrobas de gado, mas não teria cumprido o
contrato. Ao acionar o Judiciário, a empresa afirmou ter descoberto uma suposta
movimentação irregular de bovinos após a ordem judicial de arresto.
“O querelado teria transferido a titularidade dos animais
para terceiros ou removido os bovinos da fazenda, frustrando a diligência do
Oficial de Justiça”, aponta trecho da ação.
A defesa do empresário sustenta que o gado é parte do
patrimônio das empresas em recuperação judicial, cujo passivo é estimado em R$
193 milhões.
Juiz admite indícios, mas afasta crime
Ao analisar o caso, o magistrado reconheceu que há registros
de movimentação de bovinos após o início da execução. No entanto, destacou que
a Finpec não comprovou que a transferência dos animais teria tornado a cobrança
impossível, requisito necessário para configurar o crime de fraude à execução.
“A documentação juntada demonstra movimentação de bovinos,
mas não comprova que tais atos tenham tornado impossível a execução pela
inexistência de bens sobre os quais possa recair a penhora”, escreveu o juiz.
Ele ainda sublinhou que não há provas de insolvência do
empresário ou de que o patrimônio teria sido reduzido a ponto de impedir o
pagamento.
Com isso, a queixa-crime foi rejeitada, mas a decisão é
passível de recurso.
Dívida milionária continua em disputa
A rejeição da ação penal não encerra o conflito entre a
fintech e o grupo LF PEC. A execução civil segue em andamento, e a empresa
afirma que continuará buscando a reparação.
Camacho e as empresas do grupo — que operam em Mato Grosso,
Bahia, Pará e São Paulo — estão em recuperação judicial e acumulam obrigações
que superam R$ 193 milhões.
A Finpec, por sua vez, declara ter sido vítima de manobras
para evitar o pagamento das CPRs, enquanto o empresário argumenta que o
cumprimento do acordo será tratado dentro do processo de recuperação.
O caso deve seguir sendo debatido nas instâncias civil e
criminal, enquanto a defesa avalia medidas após a decisão desfavorável.

