Tramita no Senado projeto que torna obrigatório o registro
eletrônico e a remessa em tempo real dos dados sobre comercialização,
movimentação e estocagem de combustíveis para a Agência Nacional do Petróleo,
Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Autor do PL 197/2025, o senador Alessandro
Vieira (MDB-SE) aponta a crescente preocupação com a força do crime organizado
e dos casos de corrupção que envolvem postos de combustíveis.
De acordo com o senador, muitos dados são enviados
eletronicamente à ANP, mas apenas no mês seguinte às operações, e ainda há
casos de operações registradas manualmente em postos de combustíveis.
“Com a implementação do registro em tempo real, será
possível inventariar e rastrear de forma contínua os combustíveis armazenados e
consumidos no território nacional. Além disso, ferramentas como a inteligência
artificial poderão ser utilizadas para analisar grandes volumes de dados,
permitindo que a ANP identifique e responda rapidamente a ameaças à integridade
do setor”, afirma o senador na justificativa do projeto.
Alessandro Vieira também ressalta que o Brasil já é um
“líder global em automação bancária”, comprovado pelo sucesso do Pix e já
desenvolveu sistemas complexos semelhantes ao que está sendo proposto. O
senador lembra ainda que a reforma tributária prevê a adoção, provavelmente a
partir de 2026, do denominado split system, que automatizará a partição de
tributos no ato dos pagamentos eletrônicos das transações comerciais em geral.
Crime organizado
A proposta do projeto foi sugerida ao senador pela
Confederação Brasileira de Trabalhadores Policiais Civis (Cobrapol) diante da
incidência do crime organizado sobre os postos de combustíveis. Segundo
Alessandro Vieira, há estimativa de que somente no estado de São Paulo 1,1 mil
postos estejam sendo controlados pela organização criminosa PCC.
“Nesses termos, exigir a transmissão em tempo real e o
fornecimento da placa do carro e identificação do consumidor também permite o
combate ao crime organizado, uma vez que possibilita mitigar a lavagem de
dinheiro. (…) é essencial que a ANP receba instrumentos modernos de
fiscalização e controle, alinhados ao crescimento do setor de combustíveis com
a transição energética”, defende o parlamentar.
No registro eletrônico, além dos dados do veículo e do
consumidor, deverá constar informações sobre o combustível vendido, o preço por
litro, e o volume comercializado.