Com capacidade para atender, num sistema rotativo, 78
pacientes simultaneamente, a Casa de Apoio de Alta Floresta acolhe altaflorestenses
que necessitam viajar à tratamento para a capital do estado. Mas a Instituição
tem vivido dias tumultuados desde a saída da ex coordenadora, Delanne Maria
Araújo Lima, que já até retornou para o município.
Pacientes que têm pela profissional um carinho, conquistado
por ela ao longo dos quatro anos de atuação na casa, se manifestam e apontam “desordem”
após a saída de Delanne.
Nas últimas horas, várias denúncias chegaram ao Clique Notícias,
desde a retirada de pertences de pacientes, que teriam sido jogados no lixo, à
situação de uma senhora que é paciente oncológica e foi pressionada a deixar o
quarto onde estava se sentindo mais confortável.
O que diz o secretário...
O secretário Marcelo Alécio Costa atendeu nossa reportagem e negou
as denúncias, justificando que não tem conhecimento e nem determinou que pertences
fossem jogados fora. “Lá não é lugar de deixar coisa de paciente. Paciente toda
vez que ele vem, ele traz, toda vez que ele vai, ele leva” pontuou, confirmando
a história de um ventilador, que pertence a um paciente que não é de Alta
Floresta e sim de Diamantino, e ele ordenou que fizesse contato com ele e
pedisse para providenciar a retirada porque a casa de apoio não pode abrigar
pertences de ninguém. Sobre a senhora, o secretário falou que não é aconselhável
paciente oncológica ficar exposta junto com outros pacientes e esse teria sido
o motivo da tentativa de retirá-la do quarto, mas que tudo foi resolvido,
prevalecendo a preferência da paciente, porém por sua conta e risco.
O que diz a ex coordenadora...
Foi também outro contratempo, envolvendo a apropriação de
uma cadeira de roda, mais algumas situações, que motivaram o pedido de
exoneração da ex coordenadora Delanne Lima. Fatores que não estariam
relacionados diretamente ao secretário segundo ela própria disse ao Clique Notícias.
“Não foi nada contra ele. A pessoa, em si, está dentro
da casa de apoio. Eu me senti humilhada, porque até então, ela é uma pessoa que
está la, é uma enfermeira que se dizia amiga dele, na gestão passada. Ela se
beneficiou dessa amizade que ela tem com o secretário pra pegar no meu pé”
denunciou Delanne.
Durante a conversa conosco, ela chegou a citar que uma
enfermeira implicava até com seu modo de vestir e dizia que ela tinha caído de
paraquedas no cargo e que não o merecia porque não tinha diploma. “Eu acho que
os pacientes não precisam de diploma. Eles precisam de cuidado. Eu estava dando
meu sangue lá, minha vida. Aí eu pedi as contas” explicou a ex coordenadora,
que se diz arrependida da decisão. “Me arrependo porque eu não pensei nos
pacientes. Eu pensei em mim. Eu estava me sentindo sufocada” desabafou.
“Quem manda sou eu!”
“Eu não peço pra ninguém ficar, quando pede pra sair. Pediu,
eu não ia ligar pra ela”. Essa foi a resposta do secretário de saúde Marcelo
Alécio, sobre reconsiderar o pedido de exoneração de Delanne Lima. Apesar de
dizer que não influenciou na saída da profissional, o secretário não escondeu a
sua opinião sobre a gestão da profissional e se mostrou implacável contra as
denúncias que não param de surgir.
“Lá tinha um desmando, e comigo tem mando. Quem manda na
casa de apoio, em Cuiabá, sou eu. É o gestor. É o secretário. Toda mudança tem
sua resistência. Estava solto e comigo não é assim. Comigo tem gestão. Não tem
jeitinho. Aí quebrou esse vínculo dessas pessoas que tinham o jeitinho” falou
Alécio.
O secretário disse não acreditar que as denúncias vão parar,
mas atribui á uma tentativa de retaliação. “Vão tentar fazer pressão, de
qualquer forma para poder realmente dizer que era a melhor gestora. Mas lá a
gente consegue conduzir o trabalho. Se for preciso de eu ir ficar na casa, eu
vou ficar. Mas lá hoje tem gestão. Toda mudança tem aquela ‘pressãozinha’ de
resistência” declarou o secretário ressaltando que não é a opinião da maioria.
Providências...
Segundo o secretário, a situação da Casa de Apoio está
prestes a ser resolvida em definitivo. A equipe já está praticamente
estruturada, com enfermeiras e outros profissionais. “Tá faltando só uma pessoa
que eu defino essa semana. Eu já tenho pessoas. Entrevistei uma ontem, estou
entrevistando uma hoje, e dos dois eu vou escolher um pra ficar lá” disse o
secretário.
Enquanto o nome está para ser definido, o responsável
interino é o atual coordenador da Regulação, por nome de Gabriel, que está na
capital há duas semanas.
Nota do Clique Noticias
A reportagem do CN tentou contato com a enfermeira
citada pela ex coordenadora da casa. Ela não atendeu às nossas ligações e nem
retornou nossa mensagem. O espaço continua aberto para seu posicionamento.