A Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO) revelou nesta semana novos desdobramentos da Operação Safra, que desmonta uma sofisticada rede de desvio de cargas agrícolas em Mato Grosso.
O alvo da terceira fase da investigação foi um empresário do ramo de transportes que, segundo as autoridades, articulou um esquema fraudulento para captar R$ 15 milhões junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), com o objetivo de fortalecer as operações criminosas de sua organização.
As investigações mostram que o empresário, que já havia sido preso em flagrante em 2022 transportando R$ 500 mil em espécie valor que seria entregue como propina a um contato em Brasília para liberar parte do empréstimo desempenhava papel central no grupo.
Ele era responsável pela operação financeira do esquema, movimentando grandes quantias e usando seus caminhões para o transporte das cargas desviadas.
A operação, conduzida pela Polícia Civil com apoio da Polícia Rodoviária Federal e da Delegacia Especializada de Roubos e Furtos de Primavera do Leste, impediu o avanço do plano, interceptando o valor da propina antes da liberação dos recursos.
Na ocasião, o dinheiro foi apreendido em uma caminhonete na região de Primavera do Leste, e o empresário foi detido em flagrante.
A fraude no BNDES previa o pagamento inicial de R$ 500 mil, que representaria 10% dos R$ 5 milhões do primeiro saque.
No entanto, a apuração descobriu que o total do financiamento seria de R$ 15 milhões, destinados à ampliação da frota de caminhões que seriam usados nas ações criminosas.
Além da tentativa de fraude financeira, as provas coletadas durante a investigação apontam para uma articulação complexa entre diferentes núcleos criminosos.
O grupo contava com o aliciamento de funcionários de fazendas como gerentes e operadores que facilitavam a entrada de caminhões sem documentação legal.
Os grãos, após o furto, eram esquentados com notas fiscais falsas emitidas por uma empresa já investigada em Cuiabá.
Transferências bancárias que variavam entre R$ 43 mil e R$ 210 mil reforçam a ligação entre o empresário e outros membros do grupo, incluindo depósitos para familiares de um dos investigados.
O delegado Gustavo Colognesi Belão destacou que a estrutura da organização criminosa era sustentada por uma teia de falsificações e lavagem de dinheiro que causou prejuízos milionários às propriedades rurais.
A terceira fase da Operação Safra teve como foco fazendas nas regiões de Guapirama, Sulina, Colorado, Kesoja e Feliz, todas reconhecidas pela alta produtividade de grãos no estado.
As forças de segurança cumpriram 63 ordens judiciais contra envolvidos no esquema, que vinha operando com alto grau de sofisticação logística.