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Professor afastado revela “ameaças” e diz que conteúdo estava no planejamento
“É para me ajudar mesmo, ou para abafar e ficar tudo em cima de mim?”
O professor afastado do cargo docente, pela prefeitura de Alta Floresta conversou com a reportagem do Clique Notícias por telefone e com exclusividade, comentou a polêmica que repercutiu na Imprensa mato-grossense, após o episódio, denunciado pelo pai de uma de suas alunas, de dez anos de idade, conforme o CN já informou.
Após a repercussão negativa em todo o estado, Celso da Silva
Queiroz, se viu “no olho do furacão”. Denúncia no Ministério Público, repúdio
de autoridades como a Deputada Janaína Riva, que prometeu moção de repúdio na
Assembleia Legislativa de Mato Grosso. O assunto também provocou reações de
representantes como o ex presidente da Aprosoja, Antônio Galvan, e entre
vereadores na Câmara Municipal de Alta Floresta.
Ameaças...
Quando questionado se sua versão, revelada na conversa com o
Clique Notícias, poderia ser divulgada, o professor autoriza, “eu acredito que
pode. Porque eu estou aí, como um monstro. Na minha cabeça, é assim que a
sociedade me vê” disse. “Minha versão ela não é inventada. Ela é o que é. É o
que aconteceu!” complementou.
Celso Queiroz novamente deixou evidente o medo de ser alvo
de retaliações. “A mídia está focando muito nisso. Eu não estou com coragem de
sair nem ali na rua” falou o professor, confirmando estar sofrendo ameaças.
“Boi de piranha”
“Tudo que estão colocando, é como se eu tivesse inventado isso,
do nada, e simplesmente fui lá e fiz porque eu quis, sem ninguém ter visto”. A
declaração é de Celso da Silva Queiroz, afastado de suas funções, como
professor do quinto ano da Escola Municipal Jardim das Flores. “Acredito que
foi uma má compreensão e a secretaria, eu sinto que estão tirando o deles da
reta” falou o professor, revelando que a disciplina trabalhada com a atividade
não se tratou de matemática e sim, ciências. Também não era uma prova, e sim
uma tarefa.
“O assunto tratado na aula era IST (Infecções Sexualmente
Transmissíveis) e está na carga horária e na DCM (Diretrizes Curriculares
Municipais). A única coisa que não está lá são as perguntas, que de fato sim,
eu elaborei” confirmou o professor.
Questionado se submeteu a atividade à apreciação de alguma
esfera superior, o professor disse que sim. Ele falou que “naquele momento a
coordenadora olhou, sim. Ela falou para mim que estava bom. Tanto é que eu
tenho a cópia da ata na escola que ela fala que ela olhou as palavras. Nós professores
somos orientados por uma gestão. Então, no momento que falou para mim que
estava bom, eu entendi que eu fiz um bom trabalho e fui lá aplicar” revelou o
professor.
“DST são doenças sexualmente transmissíveis e o próprio nome sexualmente, já refere que é através de sexo. E está na DCM e quando você vai falar sobre isso, já aparece as formas de prevenção e a forma de prevenir mais eficaz é o uso de preservativo, as camisinhas, e foi aí que eu fiz” justificou Celso Queiroz. “Até porque eu acredito que tenha vínculo porque IST está lá na grade e camisinha tem ligação com isso” defendeu.
Sobre o seu afastamento das atividades, o professor não
escondeu a frustração. “Eu estou pensando se tudo é para me ajudar mesmo, ou é
para abafar já e ficar tudo em cima de mim. Não sei!” desabafou o professor,
revelando que o diretor leu o texto base do planejamento e se dispôs a ir na
sala explicar o conteúdo, ajuda aceita por ele. “
O professor alega que o planejamento não foi feito por ele. “Eu
acrescentei aquelas duas questões para trabalhar, mas o resto... isso aí eu
mostro para a coordenação. A coordenação imprime para mim” pontuou.
Revelações...
Ele disse que foi contestado imediatamente pela aluna de dez
anos, questionando se era obrigada e ele falou que não, mas alegou que estava
na grade curricular. “Quando ela falou que não queria trabalhar aquilo lá
porque o pai dela falou que não era para ela ver sobre isso eu falei, não quero
problema para mim, porque está ali na DCM. Eu fui lá e falei com a coordenadora.
A coordenadora chamou o diretor. Ele entrou na sala sim, até que a explicação
foi mais ele que fez” revelou.
“Eu não quero acusar as pessoas, mas só quero expor meu
ponto de vista porque não fiz nada com mau intensão” esclareceu. “É o uso das
palavras que está um pouco inadequada, sim. Fora do contexto não está porque se
você for em qualquer lugar falar sobre IST, fala como é a prevenção, uso de
camisinha. No meu caso eu não fiz nada com essa intensão. Era simplesmente
porque eu estava trabalhando IST”
O erro...
O professor afirma taxativamente que não ouve intensão de
introduzir questão ideológica na escola. O professor disse que no começo não
enxergou a lógica, mas que depois da polêmica entendeu que as palavras não
foram adequadas. “A gente está vivendo uma vida ali, propício á algum erro. Mas
eu não considero isso, um erro. Considero sim, que tem palavras ali inapropriadas
para a idade” disse admitindo que poderia ter usado outros exemplos, que hoje
consegue enxergar.
“Foram umas palavras não adequadas. Porém, naquele momento
eu não me toquei. Eu não fui com o intuito de aguçar alguma coisa sexual em
aluno nenhum. Eu não fiz com más intensões. Eu apenas fui trabalhar ali a realidade”
disse o professor, explicando que trabalha todas as disciplinas na série, onde
ministra, e que por esse motivo trabalhou o conteúdo para embalar a parte de
gráfico e porcentagens, que segundo ele, os alunos encontram um pouco de
dificuldade.
A trajetória...
Recém-formado, em 2022, Celso fez uma pós graduação no ano seguinte
e depois fez o concurso de Alta Floresta e foi aprovado. Natural de Alta Floresta,
o professor morou em Nova Mutum, onde por nove anos trabalhou numa creche como
monitor de creche, função que corresponde ao cago de TDI (Técnico em
Desenvolvimento Infantil) em Alta Floresta. Ele voltou para Alta Floresta no
ano passado para assumir o concurso por ter interesse em voltar à sua terra
natal.
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