Polêmica
Ex-delegado de Alta Floresta prende médico: caso vai parar na Corregedoria
Caso aconteceu dentro do Hospital HBento, em Cuiabá, nesta quarta-feira (19).
O delegado Pablo Carneiro, que atuou em Alta Floresta entre julho de 2019 e outubro de 2020, tornou-se alvo de críticas após prender em flagrante o médico residente Gilmar Silvestre de Lima dentro do Hospital HBento, em Cuiabá, nesta quarta-feira (19).
A detenção, motivada pela suspeita de exercício irregular da função de
anestesista, acabou gerando forte reação do Conselho Regional de Medicina de
Mato Grosso (CRM-MT), que classificou a abordagem como indevida e abusiva.
Carneiro, atualmente titular da Delegacia de Estelionatos de
Cuiabá, havia agendado uma consulta pré-cirúrgica no hospital. Segundo ele, a
surpresa ocorreu ao perceber que não seria atendido pela médica indicada no
sistema, mas por Gilmar, residente em período de formação.
Durante a avaliação, o profissional conduziu anamnese,
realizou exames iniciais e assinou a documentação clínica, incluindo o campo
destinado ao anestesista — ação que levou o delegado a investigar seu registro
e anunciar a prisão. Gilmar foi conduzido à delegacia.
Reação dos colegas do médico e do CRM
A intervenção, porém, imediatamente repercutiu entre
profissionais que testemunharam a cena. Fontes relataram que, após sair da
sala, o delegado retornou minutos depois já declarando a voz de prisão,
enquanto funcionários que tentaram questionar a decisão teriam sido
intimidados. Segundo relatos, Carneiro chegou a afirmar que “a viatura caberia
mais pessoas”, caso necessário.
O CRM-MT reagiu de forma contundente. Para o presidente da
entidade, Diogo Leite Sampaio, o residente foi vítima de violência
institucional.
“Esse profissional está regularmente inscrito, em formação supervisionada e
plenamente autorizado a realizar consultas e avaliações. A prisão carece de
fundamento e viola prerrogativas médicas”, afirmou.
Gilmar foi liberado após depoimentos de médicos e
colaboradores confirmarem que não houve irregularidade. Há relatos de que
Carneiro teria tentado alterar a tipificação da ocorrência ao perceber que não
havia base jurídica para a detenção — tentativa que não prosperou.
O CRM-MT reforçou que residentes têm amparo legal para atuar em consultas dentro da área de formação, ainda que não possuam título de especialista. Gilmar é formado pela Universidad de Aquino, na Bolívia, com diploma revalidado pela Universidade de Brasília (UnB), e está devidamente registrado no Conselho Federal de Medicina.
Corregedoria vai apurar...
A Corregedoria Geral da Polícia Civil vai apurar a denúncia de “violência institucional”, emitida pelo Conselho Regional de Medicina (CRM), contra o delegado Pablo Carneiro. Segundo a Polícia Civil, a investigação sobre o caso será conduzida pela própria delegacia à qual Pablo pertence. Testemunhas deverão ser ouvidas nos próximos dias.
Veja a nota:
“A Polícia Civil informa que o profissional foi encaminhado até a delegacia para esclarecimentos. Depois de ouvido, o médico foi liberado, bem como testemunhas foram arroladas e serão ouvidas nos próximos dias pela Delegacia Especializada de Estelionato de Cuiabá.
A Corregedoria Geral da Polícia Civil esclarece que os fatos serão apurados.”
Delegado reage nas redes sociais
Em uma sequência de posts em suas redes sociais, o delegado ironizou a defesa de colegas e do próprio CRM, que comungaram das alegações do médico. Pablo sugeriu um convite para estudarem as leis.
Veja os posts:

