Foi “tiro” pra todo o lado e na troca de farpas entre
prefeitura e Apae, sobrou até para a emissora de TV que apenas cobriu o fato. A
Instituição ameaçou até processar o órgão de imprensa por considerar que o
vídeo mostrando as condições do transporte de um de seus alunos não podia ter
sido mostrado no ar. O vídeo foi gravado no bairro São José Operário, e mostra
um aluno da APAE sendo desembarcado do transporte escolar, numa esquina, pela
babá, que o retira no colo.
Para o Clique Notícias, o apresentador do Programa Olho Vivo, da TV Nativa, Oliveira Dias, classificou como desnecessária,
o que ele chamou de “tentativa de descredibilizar” a emissora de TV, onde
trabalha há 17 anos. Para ele, a TV Nativa acertou ao tentar apaziguar a
situação para não ameaçar as relações institucionais.
Sobre as críticas, Oliveira disparou, “não estamos isentos de críticas, pelo contrário. Só que nesse caso, quem entende de jornalismo é quem faz jornalismo, e o público que consome. A Apae entende do trabalho dela, muito bem por sinal. Respeitamos!”
O pedido de desculpas
Segundo o apresentador que comanda o Programa Olho Vivo, o “pedido
de desculpas” foi uma cordialidade da emissora que não faz questão de piorar
relações institucionais. “Não temos essa vaidade. Se o nosso trabalho gera
desconfortos, transtornos, é normal, como em muitas outras profissões. Procuramos
atender á todos e não seríamos diferentes com a Apae. O que não foi atendido é
porque realmente não podemos, nem trair nossa linha editorial e nem o nosso
público” observou Oliveira Dias que ainda complementou, “não podemos parar porque
alguém gritou”.
O apresentador disse que confia na seriedade da emissora em
que trabalha e defendeu a reportagem do colega Arão Leite. “Ora, as imagens falam
por si. Independente de quem filmou estar em um bar, em uma loja, em um
estabelecimento qualquer. Não há maldade, à não ser nos olhos de quem assim
quis enxergar. A TV Nativa tem mais de duas décadas de credibilidade e
audiência e o repórter, quase o dobro de experiência, mais de trinta anos. Em quem
você quer que eu confie?” alfinetou Oliveira.
“A TV Nativa não teme processos. Isso é tão comum por lá que
já faz parte da rotina. A questão é a responsabilidade. Sabemos o peso da nossa
audiência e temos noção do impacto disso” declarou Oliveira Dias. Ele falou
ainda do que sentiu de toda essa polêmica e acredita ter havido algum atrito diplomático
entre a prefeitura e a Apae, “mas a imprensa não tem nada a ver com isso”
pontuou.
Oliveira reforçou que a retirada da matéria da internet foi
uma decisão diplomática da direção da Emissora e não um ato de censura e muito
menos por falhas. Ele reafirmou o compromisso da emissora com a sociedade e inclusive,
com a Apae. “Sem qualquer ressentimento, até porque a Apae não se resume em
seus representantes. É muito maior e pode continuar contando com nossos
trabalhos, como sempre contou e foi muito bem atendida, e na maioria das vezes,
pelo repórter Arão Leite”.
ENTENDA O CASO
O assunto repercutiu após reportagem exibida pela TV Nativa,
afiliada da Record em Alta Floresta.
Bastou cair na internet para gerar comentários de todos os
tipos. A polêmica começou quando a secretária de educação do município,
Lucineia Matos, revelou em entrevista à Emissora de TV que o transporte estaria
sob responsabilidade e gestão da própria Apae e que o município apenas havia
cedido o veículo.
A secretária de educação anunciou que iria notificar a Apae para
dar explicações. Ela também repudiou a cena vista no vídeo, e defendeu que o
transporte deveria ter sido melhor prestado, descendo a rua até a casa do aluno.
“É uma tragédia anunciada” definiu a secretária ao citar o risco de um acidente
com outros veículos.
Em nota, a Apae considerou que a reportagem errou ao expor a
criança. Em participação no programa Olho Vivo da última segunda feira, 03 de março,
o vice Diretor da Instituição, Marcelo Weber, acompanhado do advogado Altair
Neri, defendeu que a emissora atribuiu credibilidade à um vídeo gravado por alguém
que estava em um bar e reclamou da postura da secretária de Educação que não
acionou a Instituição no ato da entrevista.
Quase ao fim do espaço aberto pela emissora para a
Instituição, o apresentador Oliveira Dias também repassou a posição da Direção
da TV Nativa sobre a suspensão da matéria de suas redes sociais na tentativa de
não propiciar espaço para a continuidade de comentários e também registrou um
pedido de desculpas da emissora pelos transtornos.