Funcionárias das cabines de pedágio da BR-163, em Mato Grosso, relataram que convivem diariamente com assédio e xingamentos por parte de motoristas. Câmeras de segurança da concessionária mostraram casos de importunação sexual e agressões verbais contra as operadoras. Relatos das vítimas dão conta de que todos os dias algo acontece, xingamentos, cantadas, pessoas que não querem pagar o pedágio e descontam nas funcionárias.
A concessionária responsável, com atuação em cerca de 850 km da via no Mato Grosso e em outros estados, informou que cada praça de pedágio conta com aproximadamente 40 câmeras de monitoramento. Algumas delas foram reposicionadas com o intuito de flagrar episódios de assédio e importunação sexual. Segundo a concessionária, as imagens são preservadas e, em casos graves, acionam imediatamente a polícia, além de oferecerem acolhimento às trabalhadoras.
Como medida preventiva, foi lançada a campanha “Respeito no Trânsito”, com adesivagem das cabines e distribuição de panfletos para conscientizar os motoristas. A iniciativa contou com apoio da população, que reforçou a necessidade de maior respeito no atendimento às operadoras.
Dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2025 apontam que Mato Grosso registrou 518 casos de assédio e 971 de importunação sexual no último ano. A coordenadora da ANTT, Margareth Gugelmin Okada, destacou o impacto da ação: “É uma iniciativa importante, porque pode ser replicada por outras concessionárias e garantir mais segurança às mulheres no ambiente de trabalho”.
Conforme o Código Penal, o assédio sexual — constranger alguém com objetivo de obter vantagem sexual — é crime punível com 1 a 2 anos de prisão. Já a importunação sexual, ato de cunho sexual sem consentimento, tem pena de 1 a 5 anos.