Nos maiores complexos industriais da China, onde são produzidas aproximadamente 7 milhões de toneladas de ração por ano, a soja brasileira, grande parte cultivada em Mato Grosso, desempenha um papel fundamental na cadeia produtiva do país asiático. O grão é considerado estratégico pelas indústrias chinesas, especialmente aquelas voltadas à criação de suínos e à fabricação de óleo vegetal.

Antes de entrar na linha de produção, a soja passa por rigorosos processos de higienização e desinfecção, garantindo a qualidade exigida pelas empresas locais. Segundo Ren Jianbo, diretor de pesquisa e desenvolvimento de rações para suínos, o farelo de soja é a principal fonte de proteína utilizada na alimentação dos animais. Ele destacou que a expectativa da indústria chinesa é que o Brasil mantenha o fornecimento com qualidade e estabilidade.

O Brasil, ao lado dos Estados Unidos e da Argentina, figura entre os três maiores produtores mundiais de soja. Já a China, embora seja o quarto maior produtor, é o principal consumidor global da oleaginosa. Atualmente, mais de 70% da soja exportada pelo Brasil tem como destino o mercado chinês.

Todos os anos, mais de 20 navios brasileiros atracam nos portos chineses, cada um transportando até 70 mil toneladas de soja. Em uma das indústrias visitadas pela equipe do Mais Agro, há 30 silos com capacidade para 7 mil toneladas cada, todos abastecidos majoritariamente com soja brasileira.

Indústria automatizada e dependência do Brasil

A empresa Nantong Yide Industry, localizada em um dos maiores polos industriais da China, atua na produção de óleo e farelo de soja, além de operar na área de logística e armazenagem de grãos. Com uma estrutura de 60 mil metros quadrados, a companhia tem o Brasil como seu principal parceiro comercial.

O gerente-geral He Xian afirmou que a dependência da soja brasileira é expressiva, já que a China importa cerca de 100 milhões de toneladas por ano, das quais 80% vêm do exterior. “O Brasil é o maior produtor e nosso parceiro mais importante”, destacou.

O vice-gerente Liu Yi reforçou a importância da oleaginosa: “De todas as commodities, a soja é a mais essencial para o chinês. O farelo e o óleo que produzimos fazem parte da alimentação diária da população”, disse.

Soja na mesa dos chineses

Além do uso na ração animal, o óleo de soja é amplamente utilizado na culinária chinesa. Para Kong Li Jun, vice-presidente da revista China Record, o alimento é nutritivo e saboroso, e tem presença garantida nas mesas do país.

O diretor de trading da Shangai Goodsoy, Ken Wu, explicou que a alimentação tradicional chinesa é baseada em vegetais e fibras, o que torna a proteína da soja um elemento essencial da dieta local.

Já o gerente de comércio internacional Hou Kun destacou o potencial nutritivo da oleaginosa: “A proteína da soja pode até substituir a carne. É uma alternativa saudável e rica em nutrientes”, afirmou.

Com a forte demanda e a confiança no produto brasileiro, Mato Grosso segue consolidado como um dos principais pilares da segurança alimentar chinesa, fornecendo o grão que movimenta indústrias, alimenta rebanhos e faz parte do cotidiano de milhões de pessoas na Ásia.