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Sirenes são instaladas na Usina de Colíder, após longa omissão e pressão do MPMT
Ministério Público também alerta para riscos ainda existentes na barragem.
O Ministério Público de Mato Grosso (MPMT) criticou a Eletrobras pela demora na instalação de sirenes fixas na Zona de Autossalvamento (ZAS) da Usina Hidrelétrica de Colíder, a 160 quilômetros de Sinop. Segundo o procurador de Justiça Gerson Barbosa, coordenador do Centro de Apoio à Execução Ambiental (CAEX Ambiental), a medida, anunciada em 17 de outubro, é uma resposta tardia à ação judicial movida contra a concessionária e não representa um avanço espontâneo em segurança.
Barbosa classificou a instalação como resultado direto da atuação institucional do MPMT diante da omissão prolongada da empresa. “A segurança da população não pode depender de ações judiciais para que obrigações legais sejam cumpridas”, afirmou.
A usina opera desde agosto sob nível de segurança “Alerta”, após danos em drenos essenciais ao escoamento da pressão hidráulica. O Plano de Ação de Emergência (PAE), revisado em 2024, previa apenas sirenes móveis, consideradas insuficientes para situações de risco.
De acordo com o Ministério Público, a instalação das sirenes fixas só ocorreu após pressão judicial, e a população permanece em alerta. A ação aponta falhas como ausência de instrumentação piezométrica em 14 drenos, falta de peneiras para análise de turbidez em 55 e carreamento de material em 18 deles — sinais de erosão interna, que podem evoluir até uma ruptura da barragem.
O MPMT também destaca impactos ambientais e sociais causados pelo deplecionamento do reservatório, como mortandade de peixes e prejuízos à pesca, turismo e comunidades ribeirinhas e indígenas, incluindo o povo Munduruku.
“O anúncio das sirenes não apaga a omissão passada nem substitui a revisão completa do PAE”, reforçou o procurador, defendendo mais transparência e integração com os planos municipais de contingência.


